É complicado ver todas essas notícias das manifestações surgindo de todos os lados. Complicado pois, por um lado, dá aquela pontada de esperança que talvez dessa vez mude, talvez não seja só mais um fogo de palha como aquele tanto de passeatas que vimos no decorrer de 2013. Por outro lado, as informações se confundem, não sabemos quem diz a verdade, talvez porque não exista uma verdade absoluta. Não sabemos se começou realmente só pelos 20 centavos, não sabemos se tem alguém por trás, usando todos como massa de manobra.
Não sabemos nem como chegar aonde queremos chegar. Até porque o "nós" se divide em seus desejos. Creio que seja próximo a unanimidade, o desejo por um país melhor, entre os manifestantes e simpatizantes da manifestação. Um país em que o dinheiro investido na educação, na saúde, e em tantas outras áreas, realmente chegue aonde foi destinado. Não precisa ser 10% do PIB, mas que não seja roubado em sua trajetória. Sem licitações absurdas e envolvidos de índole duvidosa. Pra não dizer criminosos.
É complicado.
Fui na manifestação de Sábado, em Brasília. Não para manifestar, andar com cartazes e fazer minha voz ser ouvida. Fui pra ver como era essa tal manifestação. Queria entender, formar alguma opinião a respeito. Mas cheguei tarde, creio eu. Não tínhamos mais tantos envolvidos, talvez porque a ação da polícia dispersou muitos, vai saber. Cheguei a ver alguns tiros, um pouco de ação, gritos, e manifestantes ainda resistentes na causa. E é bom deixar claro que o alvo não é a polícia. Eles estão fazendo o trabalho deles, são humanos. É claro que entre eles vai haver gente que está ali pra ver sangue, assim como vai haver gente assim entre os manifestantes. Mas não podemos deixar isso nos cegar, nos parar. Dizer que não vai à manifestação pois vai haver gente que só quer baderna, pra mim, é como dizer que não vai mais participar do trânsito urbano pois existem motoristas irresponsáveis, talvez até homicidas.
E não consegui formar minha opinião no sábado.
Mas a partir daí os movimentos foram crescendo, ontem 17/06/2013, tivemos manifestações impressionantes em várias cidades do país. Dá pra acreditar que dessa vez não é fogo de palha. Mas vemos uma quantidade sem fim de "razões para a manifestação". E isso é um problema, porque a maioria das mudanças não é feita da noite para o dia, imagine todas elas juntas então.
Temos de eleger as prioridades, e não, não acredito que tirar a Dilma seja a prioridade agora. Opinião minha. O importante é garantir que o nosso dinheiro seja gasto em função do país, e não para algumas pessoas terem regalias (que poderiam pagar com o próprio salário, diga-se de passagem).
Dá ódio ver algumas das notícias, da farra do dinheiro público. Mas creio que se deixar levar por isso não trará benefício ao movimento, talvez apenas ajude a extinguir sua chama. Alguns de nós (não são todos, mas me incluo) adoraria ver uma punição para certos corruptos, pena de morte e tudo o mais. Mas continua sendo perigoso dar o poder de decidir quem morre quem vive. Dar todo esse poder a alguém, um grupo que seja, não vai resolver.
É difícil.
Os motivos para as manifestações não faltam, e não sei se é válido pegar a causa de alguém e transformar em sua própria causa, apesar de (caso haja sucesso) ser um caminho para um país melhor.
Realmente não sei, tenho medo de ser um simples peão nisso tudo. A mídia mostra a informação importante pra cada lado, parece que ninguém está realmente imparcial em mostrar os dados. Mas talvez seja melhor simplesmente ir, ir e manifestar, ir e ver, fazer volume e ficar de olho no rumo que está sendo tomado. Se der merda, é sair, e ter a certeza de que tentamos fazer algo melhor pelo Brasil. Pode ser que isso tudo leve outros a tomarem o poder, e esses outros podem se apenas mais defensores de interesses próprios. Só resta esperar que para cada vez que isso aconteça, o povo se manifeste e vá lá dar o exemplo.
Vamos continuar cumprindo com nossos deveres, trabalhando, estudando. E no tempo livre, lutemos.
